quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O indiscreto charme da classe média

Guerra na Líbia? Fiquei sabendo, na Líbia ou no Libano? Não sei. Só espero que isso não aumente mais o preço da gasolina. Se bem que...subindo ou não subindo, a gente paga do mesmo jeito. Andar de ônibus ninguém merece.

E esses escândalos de corrupção pelo Brasil? Político é tudo igual mesmo, nesse país todos eles roubam e não acontece nada. Já desisti. Se eu votei nas eleições? Votei. Não conheço exatamente a historia daqueles nos quais votei, o que fizeram ou deixaram de fazer, mas sempre aparecem nos jornais cobrando ética do governo. É do partido que meus pais votaram e ainda votam, aí eu votei.

Não tenho culpa pelos problemas do país. Eu trabalho, ando na linha, não roubo nem faço nada disso. Essas crianças em São Paulo, esses marginais que assaltaram as lojas e criaram caos até no Conselho Tutelar. Isso é má educação, os pais não educam e vira isso aí, marginal. E dá pra educar muito bem uma criança com o bolsa esmola que o Lula deu.

Se cometemos delitos? Não diria que são delitos, mas umas escapadinhas a gente dá, ninguém é de ferro. Eu jogo lixo na rua, confesso. Paro em fila dupla, porque é ruim andar demais pra estacionar o carro pra pegar meus filhos na escola. Eu até paro nesses estacionamentos que cobram R$10 a hora. Claro que é caro, mas tem outro jeito? A gente acaba pagando tudo mesmo...

E me preocupo com o País sim! Mas quem tem que cuidar do país são os políticos, é pra isso que a gente vota neles. Não sei como o Brasil cobra tanto imposto da gente e não melhora. Aliás, imposto é um absurdo nesse país, não acha? Ainda bem que acabaram com a CPMF. Era imposto o quê? “Progressivo”? Não, não sei o que é isso, mas sendo imposto é bom que tenha caído.

Problema do dia-a-dia é mais o trânsito mesmo, do resto não tenho do que reclamar. Trabalho o dia inteiro, volto pra casa e sigo adiante, até sabe-se lá quando. E o trânsito nem é tão problema assim, apesar das duas horas pra ir e duas horas pra voltar, chego em casa e esqueço. O problema são esses corredores de ônibus que reduziram uma faixa para os carros. Me incomoda mas...a gente se acostuma, né?

domingo, 7 de agosto de 2011

Dia do Orgulho Hétero. Pra que serve isso?

Não dá pra acreditar, mas é verdade... é, conta até dez, segue a vida...

Em mais um delírio contra o Estado Laico (você viu algum por aí?) , Carlos Apolinário (DEM - confira aqui, São paulo e Rio são os maiores empregadores desse partido em demorada extinção) mandou um projeto pra câmara dos vereadores de São Paulo para comemorar o Dia do Orgulho Hétero. Nesse dia, a paróquia da Câmara deu até quermesse.

Deprimente? Deprimente é morar num dos bairros onde o bendito teve maior votação. Deprimente é o argumento religioso para justificar o projeto:
"A criação do Dia do Hétero não simboliza uma luta contra a figura humana dos gays, e sim contra aquilo que considero que são excessos e privilégios".
De hétero mesmo não tem muita coisa neste argumento, reparou? Ele não quer saber é de privilégios para gays. Tenho mais uma frase brilhante do seu Carlos:
"Tiraram Jesus, tiraram CUT (Central Única dos Trabalhadores) e mantiveram parada gay. Mas se pode parada gay, por que não pode as outras? Não tenho nada contra o evento dos homossexuais, [não tem mesmo, o cabeleireiro dele é gay...] é direito deles.Mas em muitos casos eles não têm buscado direitos, e sim privilégios"
Um dia oficial sempre quer dizer alguma coisa. Mesmo assim, seria absurdo um religioso cristão, que organiza sua agenda por meio de um calendário que conta os anos a partir do provável nascimento de Cristo, sinta invejinha de uma passeata. Mas desde quando político dá ponto sem nó?

Lembra da PLC 122, hoje Lei Alexandre Ivo, que pretende criminalizar a homofobia tal qual se faz com outros preconceitos? Esse é o privilégio do ao qual se referem o vereador - por ser religioso - e uns liberalistas - por serem contra um suposto favorecimento do Estado em relação a determinada classe de cidadãos.

Até o Magno Malta já entendeu, parece, mas eu trago estatística pra mostrar que não é uma questão de privilégio, mas um problema crescente para a segurança e saúde públicas.
Os números da estatística foram tirados de notícias de jornais, ou seja: a conta pode ser muito pior, já que morte de homossexual (desconhecido) não vende, e pauta repetitiva não costuma dar cobertura sempre.

Na última década, 1429 foram vítimas fatais da homofobia. Dá mais que um pra cada três dias, na conta mais otimista. Não é um privilégio. É que nossa sociedade ainda não aceita os homossexuais: os hostiliza nas ruas, restringe sua imagem e seus atos nos meios de comunicação. É uma questão de direito a identidade, que lhes temos negado até hoje.

Quando aprovamos um "dia do orgulho Hétero", dizemos: não queremos que tenham mais direitos, queremos as coisas como estão. "Já deixamos vocês se casarem (como se isso fosse alguma gentileza), não venham com essa de discriminação."

E, por irônico que possa parecer, a única possibilidade dessa sandice não se confirmar é o prefeito vetar o projeto. Passado despótico ele tem. Afinidade com a causa também, supõe-se. Mas até quando as coisas são favoráveis, ele já dá sinais de que vai pisar na bola...